A necessidade de melhorar a gestão dos recursos hídricos foi a conclusão que emergiu da discussão pública sobre os efeitos da estiagem na bacia do Rio São Francisco, que se estendeu durante todo o dia de hoje (25.5), no auditório da Codevasf, em Juazeiro. O encontro, promovido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF, reuniu dirigentes dos governos federal, estaduais e municipal, representantes de seis comitês de bacias de rios afluentes, conselhos de seis açudes e a categoria dos produtores irrigantes do Oeste da Bahia.
No primeiro relato do dia o representante do comitê da bacia do rio Salitre, Almack Luiz Silva, distinguiu entre “a seca natural, cíclica, e a seca de gestão”. A abordagem predominou nas diversas intervenções, consolidando o entendimento de que a escassez de água que penaliza atualmente as populações, culturas e criações no Nordeste decorre tanto do fenômeno cíclico da estiagem como também de outros fatores, relacionados com a gestão dos recursos hídricos. No encerramento da programação matutina, o presidente do Comitê do São Francisco, Geraldo José dos Santos, destacou este como o sentimento emergente entre os participantes: “É um anseio geral, todos desejam uma melhor gestão dos recursos hídricos, quer seja nas ações de governo, ou nas ações dos próprios comitês”. Os depoimentos evidenciaram problemas de toda ordem, desde a falta de água, falta de recursos para investimentos em obras hidroambientais, até o desmatamento, poluição, assoreamento, degradação das nascentes, técnicas predatórias, convergindo para o convencimento de que é necessário desenvolver meios de convivência com a estiagem, enquanto fenômeno cíclico.
O presidente da Agência Pernambucana de Águas e Climas – Apac, Marcelo Asfora, opinou que “devemos ter uma visão clara sobre o que é situação de calamidade e o que é a convivência com o semiárido. Neste momento, em relação à estiagem, estamos diante de um evento catastrófico, que deve ser tratado como tal, isto é, uma situação de emergência. Ao mesmo tempo, se aprendermos a conviver bem com o semiárido, se desenvolvermos procedimentos e tecnologias adequados, teremos meios para enfrentar a estiagem”
Quanto à seca enquanto fenômeno de gestão, o prefeito de Afogados da Ingazeira, Antonio Valadares, membro do CBHSF e coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, destacou o papel protagonista que deve ser conferido aos comitês de bacias, enquanto unidades responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, e enfatizou o papel reservado ao governo federal: “Não conheço no Nordeste nenhum gestor público que tenha condições de realizar a gestão do problema hídrico no seu município, seja o tratamento de resíduos sólidos, seja a questão do esgoto ou qualquer outro, sem o apoio do governo federal”
Na sua apresentação¸ o chefe de gabinete do Secretário de Meio Ambiente da Bahia, Edson Ribeiro, enfatizou a complexidade e as dificuldades que envolvem a gestão dos recursos hídricos, assumindo que “na BAHIA nós reconhecemos as dificuldades e consideramos que estamos ainda engatinhando na gestão dos recursos hídricos”, afirmou.
O presidente do CBHSF, Geraldo José, destacou ainda, como resultado do encontro, a percepção do desejo coletivo de união dos comitês de bacia, objetivando a solução dos problemas relacionados com o uso da água. O representante do comitê da bacia do rio Grande, Siderlon Lopes, considerou que a interação entre os comitês “ainda é pequena, mas estamos nos encontrando mais, aprendendo, trocando. Estou muito alegre, nós precisamos otimizar as nossas relações para cuidar das nossas águas com mais responsabilidade”.
Participaram do encontro os comitês de bacias dos rios afluentes Pajeú (PE), Piauí (AL) e Salitre, Verde Jacaré e Grande (BA),os conselhos dos açudes Poço da Cruz, Brotas, Ingazeiras, Rosario, Jazigo e Serrinha (PE), o representante do Ministério da Integração Regional, José Luiz de Souza, o presidente da Associação dos Irrigantes da Bahia – Aiba, Julio Cesar Busato e Edneuma Gonçalves, chefe da Unidade de Empreendimentos Socioambientais da Codevasf, entre outros.
Fonte: Ascom CBHSF