A Agência Peixe Vivo marcará presença no XXVI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (SBRH), que acontecerá em Vitória, no Espírito Santo, de 23 a 28 de novembro de 2025. O evento, que tem como tema central “A Água como agente de transformação: conectando pessoas e territórios”, reunirá pesquisadores, gestores e profissionais para debater desafios e soluções para a gestão sustentável da água no Brasil.

Uma parte da equipe técnica da APV apresentará trabalhos acadêmicos desenvolvidos a partir de suas experiências práticas nas bacias do Rio São Francisco e também do Rio das Velhas, em Minas Gerais. Os estudos abordam desde a análise do balanço hídrico até o impacto social de projetos de saneamento e recuperação ambiental, reforçando a importância da pesquisa aplicada na tomada de decisões.

Impacto Social e Gestão Participativa

O trabalho de Thiago Lana, coordenador técnico da APV, se concentra no impacto social de projetos implementados em comunidades indígenas e ribeirinhas. “Para mim, os trabalhos são fundamentais, pois demonstram o impacto social dos projetos na vida da população, indo além dos números secos de desembolso financeiro”, afirma Lana.

Ele apresentará três estudos:

• “Barraginhas: tecnologia social como alternativa para captação e infiltração de águas pluviais”: Um aprofundamento sobre a tecnologia após a conclusão de um projeto de adequação de estradas rurais.
• “Transformação hídrica e dignidade indígena: um estudo de caso na terra dos Kariri Xocó”: Uma análise numérica dos benefícios de projetos de saneamento na saúde da população indígena.
• “Entre a crise e a solução: um estudo de caso sobre a atuação do CBHSF em Piaçabuçu (AL)”: Outro artigo técnico-científico que demonstra os benefícios de projetos na comunidade ribeirinha de Piaçabuçu.

Geoprocessamento e Planejamento Estratégico

João Paulo Coimbra, também coordenador técnico, apresentará um trabalho que une geoprocessamento e dados censitários para qualificar a gestão do rio São Francisco. Segundo ele, o estudo é um ponto de partida para novas investigações. “Esse trabalho tem um significado especial, pois une o conhecimento técnico à minha vivência profissional e ao desejo pessoal de compreender melhor as dinâmicas territoriais em uma bacia tão estratégica”, destaca Coimbra.

O trabalho, intitulado “Uma Abordagem Integrada entre Geoprocessamento e Dados Censitários para estimativa populacional da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco para qualificar a tomada de decisões na gestão dos recursos hídricos”, utiliza dados do Censo Demográfico 2022, QGIS e a Base Hidrográfica Ottocodificada Multiescalas (BHO6) para fornecer uma estimativa populacional mais precisa, que não se baseia apenas em dados municipais agregados.

Análises Hídricas e Tomada de Decisão na Bacia do Velhas

A coordenadora técnica, Fernanda Laurinda, apresentará dois trabalhos focados na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, resultado de sua tese de doutorado e de demandas práticas da Agência Peixe Vivo.

• “Análise da Variabilidade Espaço-Temporal do Balanço Hídrico Climático na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas”: Adaptado de sua tese de doutorado, o estudo fornece uma análise mais localizada e precisa da disponibilidade hídrica na bacia.
• “Análise Espacial da Criticidade Hídrica na Bacia do Rio das Velhas com base em Índice Multicritério”: Desenvolvido para transformar dados complexos em um índice visualmente acessível, auxiliando nas decisões do Comitê da Bacia.

Para Fernanda, os trabalhos “representam não só o que venho estudando, mas também o que vivencio na prática”, contribuindo para uma gestão “mais eficiente e democrática” dos recursos hídricos.

Critérios Técnicos e Mudanças Climáticas

Rayssa Balieiro, coordenadora técnica, apresentará três trabalhos no SBRH. O primeiro, desenvolvido com a equipe da Agência Peixe Vivo, foca na seleção de áreas prioritárias para a recuperação ambiental e conservação do solo. “Publicar esses trabalhos mostra que estamos procurando embasamento técnico e científico para selecionar os locais, com critérios mais objetivos e relacionados com as características da bacia”, explica.

Os trabalhos de Rayssa são:

• “Definição de áreas prioritárias para implementação de projetos de conservação e recuperação ambiental na Bacia do Rio São Francisco”
• “Impacto de mudanças climáticas na dinâmica do balanço hídrico da Bacia do Rio São Francisco”
• “Análise comparativa de produtos de precipitação por satélite para o estado de Minas Gerais”

O segundo e terceiro trabalhos, em parceria com colegas acadêmicos, abordam o impacto das mudanças climáticas e a avaliação de dados de precipitação, oferecendo insights sobre as ações necessárias para lidar com os desafios futuros.

*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Bianca Aun