Entrevista Thiago Campos – Gerente de Projetos da Agência Peixe Vivo

10/08/2020 - 21:46

A Gerência de Projetos da Agência Peixe Vivo foi criada a partir da reformulação pela qual a instituição passou no ano de 2019. É função dessa Gerência articular o quadro técnico nas discussões dos projetos, visando a melhor delimitação técnica, com ganhos de eficácia nas fases posteriores.

Thiago Campos trabalha na Agência Peixe Vivo há oito anos e ocupa o cargo de Gerente de Projetos desde 2019. Possui graduação em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e é mestre em Engenharia de Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Além disso, tem experiência com o gerenciamento de projetos, geoprocessamento, hidrologia e recursos hídricos, bem como conservação do solo e da água.

1) A gestão das águas exige que seja mantida a quantidade e qualidade das águas nas bacias hidrográficas. Que tipo de intervenção nas bacias hidrográficas a Peixe Vivo tem executado para manter a qualidade e quantidade de água?

Sem dúvida alguma a garantia da qualidade e da quantidade de água é o maior foco do trabalho da Agência Peixe Vivo. Somente com um sistema de gestão de recursos hídricos eficiente e fortalecido, essas garantias serão satisfatórias. A Agência Peixe Vivo tem trabalhado fortemente na busca pela universalização dos instrumentos de gestão de recursos hídricos, seja com o instrumento da cobrança, os planos de recursos hídricos e os sistemas de informação. Recentemente, estão sendo alocados esforços para o desenvolvimento de propostas de enquadramento de corpos de água, que são importantes na definição de metas de qualidade para os rios da bacia.

2) Quais as demandas mais comuns que os Comitês solicitam à Agência Peixe Vivo para a recuperação e revitalização das bacias?

Recentemente os Comitês têm concentrado esforços na busca pela revitalização de bacias hidrográficas. Nesse âmbito, os projetos de recuperação ambiental, popularmente chamados de projetos hidroambientais, assumem um papel protagonista com foco no restabelecimento de condições ambientalmente aceitáveis para a produção e conservação de água. Assim, os Comitês de bacias produzem editais de chamamento que visam receber propostas de demandas espontâneas voltadas à recuperação hidroambiental nos mais diversos locais.

3) Com a atuação da Agência Peixe Vivo, os processos referentes a projetos nas bacias passaram a ser mais ágeis? Por que?

Sem dúvida nenhuma. O propósito de atuação da Agência são os Comitês de bacias hidrográficas. Com a realização da cobrança pelo uso da água torna-se mais ágil atender os comitês de bacias, uma vez que os recursos arrecadados permitem a contratação de funcionários dedicados ao atendimento das demandas dos comitês e, sobretudo, compromissados com a implementação dos planos de recursos hídricos em sua área de atuação.

4) O que são os projetos hidroambientais?

Os projetos hidroambientais são aqueles projetos que produzem ações unicamente direcionadas à revitalização de bacias hidrográficas, em uma escala demonstrativa. As bacias hidrográficas possuem uma infraestrutura natural responsável por garantir água em boa qualidade e em quantidade satisfatória. Estamos falando dos recursos florestais (árvores e arbustos), da microbiota, do solo, das encostas, etc. Quando o ambiente natural sofre interferência humana, as bacias sofrem com a diminuição das suas capacidades de fornecimento de serviços ecossistêmicos, a fim de garantir água em boa qualidade e em quantidade satisfatória. Assim, os projetos hidroambientais visam melhorar ou restabelecer essa capacidade das bacias hidrográficas em assegurar tais serviços ecossistêmicos, focados na recuperação, proteção, adequação e preservação dos recursos naturais.

5) Qual o valor de recursos investidos para revitalização da bacia do Rio São Francisco? E no Rio das Velhas?

Os valores investidos anualmente são variáveis. Na bacia do rio São Francisco, os investimentos médios anuais são da ordem de R$ 20 milhões. Já na bacia do rio das Velhas a média de investimentos anuais é da ordem de R$ 8 milhões. Os itens mais investidos dizem respeito à recuperação hidroambiental, em ambas as bacias hidrográficas, com cerca de 40% dos recursos investidos anualmente.

 

*Por: Luiza Baggio
*Foto: Bianca Aun