As possibilidades e inovações relacionadas ao aproveitamento da biomassa na agricultura foram debatidas durante o seminário internacional ‘Uso de Lodo de Esgoto nos Solos’, que ocorreu nos dias 09 e 10 de maio (quarta e quinta – feira), na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus Pampulha, em Belo Horizonte.
O evento teve o principal objetivo de discutir contribuições para a regulamentação do uso de lodo de esgoto no Brasil. “Atualmente, a legislação é muito restritiva. Há uma demanda para a utilização desse lodo, mas as pessoas que tem interesse não conseguem utilizar por conta da lei vigente”, explicou Jacqueline Fonseca, assessora técnica da Agência Peixe Vivo.
Fonseca também elogiou a iniciativa. “O evento foi mais que um seminário, foi um workshop. Vários profissionais da área se juntaram para formalizar novas proposições, a ideia era a de tentar dar um encaminhamento, já que a resolução já está em pauta de discussão no Conama”.
Para Laura Rainoni, estagiária da Agência Peixe Vivo e estudante de engenharia ambiental da UFMG, o evento proporcionou um momento de mobilização sobre a importância da reformulação da legislação para a adequação da disposição do lodo de esgoto no solo. “Foi uma questão acadêmica. Interessante ver profissionais e estudantes de várias áreas e órgãos diferentes se unindo para discutir e reformular a legislação”.
“Os palestrantes frisaram sobre o uso do lodo no solo, desde que passe por um processo de higienização. A técnica é mais para fechar o ciclo da matéria orgânica, assim, ao invés de ir para o aterro sanitário e ficar perdido, o lodo pode ser utilizado em outros fins”, informou Rainoni.
A iniciativa é do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) ETEs Sustentáveis, sediado e coordenado na UFMG, em parceria com a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-MG).
Também estiveram presentes no evento, os estagiários da Agência Peixe Vivo: Baruc Geremias Costa e Sthephanny Walery Moraes.
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90.
50 toneladas/dia
De acordo com informações do INCT, a destinação do lodo – um dos resíduos do tratamento de esgoto – é um dos desafios que as empresas que coletam e tratam esgoto enfrentam para qualificar e baratear o tratamento.
Uma cidade do tamanho de Belo Horizonte pode produzir 50 toneladas de lodo no esgoto por dia. O custo de uma destinação adequada a todo esse volume pode ultrapassar a R$ 4,5 milhões por ano, e se descartado inadequadamente pode causar um alto risco ambiental e a saúde pública.
Nesse cenário, pesquisas indicam que o emprego da biomassa na agricultura chega a ser 60% mais econômico do que o envio a aterros sanitários e pode representar uma economia de R$ 470,00 por hectare fertilizado, o que representa um aumento significativo do lucro para o produtor.
Ainda segundo dados do INCT, alguns países vêm utilizando o lodo de esgoto na produção agrícola com bons resultados. Países como França e Alemanha já destinam mais de 30% da biomassa para a agricultura, os Estados Unidos utilizam mais de 60% e o Brasil utiliza apenas 3%, assim o objetivo dos pesquisadores da UFMG e de outras instituições é de ampliar significativamente esse percentual.
Há quase 18 anos, a UFMG em parceria com a Copasa, desenvolvem nas instalações da Estação de Tratamento do Ribeirão Arrudas e no campus Pampulha, pesquisas sobre o tratamento de esgoto, que incluem o aproveitamento da biomassa. Nos últimos anos, houve grande evolução dos estudos sobre a higienização do lodo, compostagem e mapeamento de áreas em Minas Gerais para receber esse produto.
*Texto: Ohana Padilha, com informações do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) ETEs Sustentáveis